
Entre a movimentação do Metri, manobristas e a chegada dos
clientes, eis que observo um menino de treze ou catorze anos abordando um casal de
clientes. Ele, vestindo uma camiseta,
bermuda e chinelo, segurava uma caixa que não se via com clareza o que continha dos poucos metros de distância
em que estávamos.
Ainda observando aquela cena, vi o casal acenando
negativamente com a cabeça. Não tinha conseguido vender.
O menino, muito astuto, não se deu por vencido e logo, sem a
permissão do Metri para estar ali , veio nos abordar. O “anfitrião” do
restaurante logo se aproximou da nossa mesa com um olhar receoso na expectativa
de que pedíssemos para que o garoto nos deixasse em paz.
A abordagem foi rápida e o garoto falou: “ Boa tarde, vocês
querem comprar pano de prato? 8 reais cada um”.
Na sequência, eu respondi: “ Eu acho que o valor desse pano
de prato está inflacionado.”
E ele muito esperto, responde olhando para nós e para o Metri:
“ Esse pano de prato é 100% algodão. Bordado. Eu não posso vender por menos. “
E, olhando para o Metri, continuou: “ Se o Sr. vende um
prato aqui por R$100,00, vai vender por R$10,00 se te pedirem? Eu posso fazer 2
por R$15,00.”
Pensou por segundos e continuou: “ Ah, não, me desculpe! Eu
posso fazer 3 por R$20,00.”
E no final, ele ganhou a venda. Levamos três panos de prato.
Enquanto pagávamos, eu perguntei: “ Quem te mandou vender os
panos de prato?” A resposta: “ Ninguém. Eu ajudo minha mãe. Meu pai trabalha
como segurança e nunca está em casa.”
Eu de novo: “ Você está estudando?”
Ele: “ Estou na oitava série. Não sou bom em português, mas
muito bom em matemática!”
Para mim, o que fica é a vontade de acreditar que o Brasil
tem jeito. Que as pessoas tem jeito. Esse garoto, se tiver a oportunidade ,
seguramente vai longe. Ele tem jeito. Vamos
incentivá-lo de forma correta.
O conceito de etiqueta social do qual estamos falando nesse espaço, vai além do bom comportamento perante à sociedade. É o bom tom de
atitudes transformadoras.
Você cidadão, o que acha de não dar esmola nos faróis? Não
dar dinheiro quando te estendem a mão pedindo, simplesmente porque é mais fácil?
E ao invés disso, o que acha de incentivar
as oportunidades de trabalho? O esforço versus a recompensa. O apoio e auxilio ao próximo
através de instituições sem fins lucrativos?
Fazer o Brasil ser um país melhor, com pessoas melhores e
que almejam por coisas maiores.
Pedir e ficar esperando,
não dá.
Se revoltar e destruir as coisas porque deixou de receber
algum benefício, também não dá.
Acreditar que se pode ganhar dinheiro de forma fácil, não
dá. Tem que trabalhar.
Está na hora de seguirmos o exemplo desse garoto,
determinado a vencer, que ajuda a família, mas não deixou os estudos e que mesmo
escolhendo vender pano de prato ao invés de brincar com os amigos no meio da
tarde, como qualquer criança na idade dele faria, não perdeu o sorriso no
rosto. O rosto da esperança. O rosto de
quem merece uma chance e um futuro melhor.
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